segunda-feira, 1 de abril de 2013

8 anos de uma tragédia

Era noite de 31 de março de 2005. De lá para cá, 8 anos se passaram, mas o vazio da perda permanece. O fatídico dia marcou a vida de familiares e amigos de 29 inocentes, que foram indiscriminadamente assassinados por um grupo de policiais militares. A Chacina da Baixada, como ficou conhecida, aconteceu nos municípios de Nova Iguaçu, que teve 17 vítimas, e Queimados, com outras 12. Para marcar a data, o grupo "Mães de Maio" realizou ontem uma caminhada, que começou na Rodovia Presidente Dutra e passou pela rua Gama, cenário principal da tragédia.
“Queremos que pare o extermínio de jovens que acontece na Baixada Fluminense. Temos o exemplo do que aconteceu na Chatuba [em setembro de 2012, quando traficantes mataram nove jovens inocentes] e outros meninos que morrem aqui. A caminhada é para dizer à sociedade e às autoridades que existe um grupo que se incomoda com o que continua acontecendo”, declarou Luciene Silva, organizadora do ato e mãe de Raphael Silva, morto aos 17 anos no massacre.
A manifestação contou com pessoas ligadas a outros assassinatos acontecidos no estado e também em São Paulo, que entre os dias 12 e 21 de maio de 2006, registrou 142 homicídios praticados por grupos de extermínio.
“Até hoje ninguém foi preso. Depois de quatro meses, o inquérito foi arquivado. Ficou tudo bagunçado. O que mais dói é o manto da impunidade”, desabafou uma mãe, que perdeu a filha, grávida de nove meses.

 

ONG apoia famílias e critica investigação de crimes

Para o ativista social Adriano Dias, fundador da organização Com Causa, que trabalha na defesa dos direitos humanos na Baixada Fluminense, episódios como os de 2005 e 2012 seriam evitados se a polícia tivesse investigado crimes pequenos que já vinham acontecendo nos municípios.
“Nas duas áreas, jovens já vinham morrendo, mas a polícia só toma uma atitude drástica quando morre uma grande quantidade”, avaliou Adriano, salientando que as mortes estão cada vez mais ligadas ao tráfico de drogas, que com a ocupação das favelas cariocas pelas Unidades de Polícia Pacificadora, vem se fortalecendo nos municípios vizinhos.
“Hoje tem um aumento considerável das áreas controladas pelo narcotráfico. Sempre houve tráfico aqui, mas a mudança de controle territorial, com mais armamentos e brutalidade, está acontecendo a olhos vistos. Os negócios [do tráfico] estão migrando para cá, principalmente, por conta das políticas de pacificação das favelas do Rio”, afirmou o ativista.

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